Em 22 de junho, aconteceu a Mostra de Ciência e Cultura, celebrando mais uma edição de polinização do projeto Dados à Prova d’Água. Durante cinco meses, o projeto reuniu, em um encontro virtual muito especial, polinizadores/as, educadores/as e estudantes de escolas públicas de Ensino Médio das cinco regiões do País e duas escolas colombianas. Neste dia, os trabalhos de todos/as os/as participantes do projeto puderam ser apreciados e, agora, estão disponíveis no canal do Youtube do CEdu, de Ciência Cidadã, com foco em Educação em Redução de Riscos de Desastres e Educação Ambiental Climática. Os trabalhos podem inspirar ainda mais jovens a se engajarem nessa  rede de escolas e comunidades com força transformadora no enfrentamento da emergência climática.

O processo formativo foi coordenado pelo Cemaden Educação e  contou com a participação de pesquisadores da Universidade de Glasgow, na Escócia, os proponentes do projeto Dados à Prova d’Água: Expansão para a América Latina, envolvendo também a Universidad Nacional e o Instituto de Geografia Cartográfica da Colômbia.

Pensar as desigualdades com dados inovadores

João Porto de Albuquerque, do Urban Big Data Center– Universidade de Glasgow,  contou sobre a trajetória do projeto Dados à Prova d’Água – WPD e  destacou como as desigualdades urbanas se refletem na disparidade de acesso a dados e, privam áreas desfavorecidas de informações cruciais para o planejamento e a gestão de riscos. O Programa Cemaden Educação busca combater essa realidade com a Ciência Cidadã, engajando comunidades na coleta e análise de dados sobre chuvas e inundações.

Ciência Cidadã em Ação

Diego Pajarito, pesquisador da Universidade de Glasgow, compartilhou sua experiência na expansão do WPD para a Colômbia – um movimento recente que se materializa por meio do subprojeto Enlaces.

Descreveu os desafios e as conquistas da iniciativa, que já conta com mais de dez mil registros de chuva, 400 cientistas cidadãos/ãs e mais de 400 pluviômetros instalados. “A participação ativa das comunidades tem sido fundamental para o sucesso do projeto e é de extrema importância para as novas tomadas de decisões”, disse ele.

Reconhecimento e Celebração

Débora Olivato, pesquisadora do Cemaden Educação, que liderou a formação, mostrou alguns resultados importantes:

32 instituições de ensino; 34 polinizadores/as locais; mais de 300 participantes, entre grupos do Ensino Fundamental II, Ensino Médio, Educação de Jovens e Adultos e Ensino Técnico; “Nós estamos muito orgulhosos/as do esforço coletivo e isso nos motiva a continuar”, comentou a pesquisadora. 

Educação para um Novo Regime Climático

Rachel Trajber enfatizou a necessidade de repensar a educação em um contexto de emergência  climática. Comentou sobre o desafio que a equipe do CEdu aceitou nos últimos dez anos, o de trabalhar com uma educação voltada para a redução de riscos de desastres e, mais recentemente, com a Educação Ambiental Climática. “Como será o nosso fazer educativo no novo regime climático?”, indagou.

Este projeto é um exemplo prático de como a educação pode gerar conhecimentos e empoderar as pessoas na construção de um futuro resiliente e sustentável.

Convite à ação

Heloísa Martins, do CEdu, convidou para a 8ªedição da Campanha #AprenderParaPrevenir, com o tema “Com-Ciência de Riscos: saber que transforma”. A campanha, que terá início em agosto de 2024, abre suas inscrições a partir do dia 1 de outubro. Para saber mais sobre as jornadas, clique aqui.

Mostra da Ciência e Cultura do WPD+++

Ao final do encontro virtual, foi chegada a hora tão esperada, em que os/as participantes do projeto Dados a Prova D’água, das cinco regiões do Brasil e da Colômbia puderam apresentar seus trabalhos, por meio dos/as polinizadores/as representantes, em três modalidades: Relato de Experiência, Pesquisa Específica ligada a Projeto e Comunicação e Arte. 

A polinizadora Sônia Zacrzevski, do Rio Grande do Sul, envolveu três regiões geográficas imediatas, de Erechim (Mariano Mouro, Palmitinho, Cacique Doblee Passo Fundo). “Nossas escolas realizaram estudos sobre o tema, contribuindo para aumento teórico-conceitual na investigação sobre os municípios e das comunidades, identificando riscos de desastres climáticos e também pensando em estratégias para mitigação e adaptação de riscos”, comentou. 

Tadeu Costa, polinizador do Centro Oeste, descreveu a ação  de Pirenópolis, Goiás, e de um movimento social em Brasília (DF). “Nós sabemos dos desafios que nós temos aqui e tivemos muito comprometimento das escolas que levaram adiante o conhecimento sobre a educação em redução de riscos de desastres”, disse.

O polinizador Ulisses Denache, do Nordeste, apresentou o engajamento das escolas  Maranhão e da Paraíba. “Todas as escolas nos receberam muito bem, prepararam momentos de interação, envolveram crianças mais novas e até mesmo alguns pais e mães de estudantes”, comentou ele.

Vivian Battaini, da região Norte, contou sobre os trabalhos em Manaus e em Iranduba, no Amazonas. “Esse desafio que tivemos de representar a região norte, mesmo com toda a sua diversidade, foi muito interessante, na percepção de potencial das diferentes faixas etárias, conseguimos envolver professores de diferentes disciplinas, fizemos muitos arranjos, criando grupos temáticos de sustentabilidade e parcerias com estudantes de graduação e pós-graduação. A metodologia das Jornadas Pedagógicas contribui para a abordagem sobre as mudanças climáticas adaptadas às diferentes realidades”, comentou. 

Por último, o polinizador Rodrigo D´Almeida, do Sudeste, envolveu Petrópolis no Rio de Janeiro, e uma escola em São Sebastião no litoral de São Paulo. “Para mim, foi um trabalho magnífico. Trouxemos a Defesa Civil para muito mais próximo das escolas, cada processo de campo possibilitou que colocássemos em prática muitos conhecimentos e pensássemos nos desastres que já ocorreram em nossos territórios”, explicou. 

Da Colômbia, a professora Doralice Ortiz comentou sobre o trabalho junto às escolas brasileiras, em uma escola de Manizales, na região andina, e uma em Bogotá. Ela apoiou o núcleo do Enlaces colocando em diálogo as quatro escolas brasileiras e as duas colombianas. “Fue un proceso muy dinámico y recibimos mucha información de escuelas brasileñas, de escuelas que estaban conectadas”.

Em Manizales foi realizado um processo de capacitação de monitoramento meteorológico utilizando os pluviômetros artesanais e um simulado de desastres. Durante a simulação, as sirenes que deveriam soar um alarme não funcionaram, por conta da falta de energia e este contratempo foi utilizado, também, como uma possibilidade de aprendizado – uma vez que pode ocorrer durante um desastre real. 

Os vídeos da Mostra estão disponíveis no encontro virtual que pode ser acompanhado na íntegra. Os encontros anteriores do WPD, assim como todos os vídeos que fazem parte da iniciativa, também podem ser vistos no Canal do Youtube do Cemaden Educação.