Escola de São Luiz do Paraitinga participa do programa de conscientização de riscos
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Em 2010, São Luiz do Paraitinga sofreu o maior desastre natural da sua história. Com as chuvas de verão, o Rio Paraitinga subiu 10 metros acima do seu nível normal. Todo o centro histórico foi inundado, a igreja aniquilada e com as estruturas dos imóveis construídas, principalmente, de taipa de pilão e pau a pique, as paredes vieram a baixo. O resultado disso foi metade da população da cidade, de quase 11 mil habitantes, desabrigada e com lembranças marcantes.
A EE Monsenhor Ignácio Gióia, então localizada na parte baixa da cidade, a região mais afetada pela enchente, também sofreu com a tragédia. A escola dividia o prédio com uma unidade de ensino municipal e utilizava uma parte de um dos casarões para funcionar. Acontece que a estrutura do casarão também cedeu e, com o desastre, a escola deixou o espaço para se alocar em outro ponto da cidade.
Por sua história, cinco anos depois do desastre, a escola foi convidada para ser um dos pilotos do Programa Cemaden Educação, desenvolvido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Por meio de exercícios, oficinas, relatos de história oral e outras atividades, o programa atua junto às escolas de Ensino Médio localizadas em municípios vulneráveis a desastres socioambientais.
Em parceria com a Unesp, a execução do piloto contou ainda com ampliação para a educação básica do Programa Pluviômetros nas Comunidades. A escola ganhou um pluviômetro semiautomático e passou a ser responsável por enviar ao Cemaden e à Defesa Civil informações sobre os níveis das chuvas.
O vice-diretor da escola, Daniel Messias dos Santos, destaca a importância de ser parceiro do programa. “Além da ideia de fazer um programa de iniciação científica, que a Unesp coordenaria, nós também poderíamos receber as informações sobre prevenção de desastre. Uma cidade que passou pela experiência do desastre e, portanto, se tornou resiliente, porque conseguiu reconstruir a cidade, mas que também se preparasse para ser uma disseminadora da ideia de que a prevenção pode salvar vidas”, disse.
As atividades são divididas entre monitoramento, percepção de riscos e sustentabilidade. A aluna Carolaine Aparecida da Silva conta que as atividades executadas no piloto são de grande importância e firmou o compromisso de ser disseminadora do conhecimento adquirido. “Eu acho que a gente deveria ter consciência de que a gente tem que ajudar a natureza e as nós mesmos para que a gente tenha um futuro melhor”, disse.
Defesa Civil, compromisso com a educação
Daniel lembra que, depois do desastre, a Defesa Civil passou a ter uma grande importância no município. O órgão foi responsável por preservar muitas vidas no momento da enchente e, depois dela, realizando atividades de conscientização e prevenção. “Nesse aspecto, ainda dentro do programa, foi curioso perceber que tinha a universidade e o Cemaden tratando cientificamente dos fenômenos naturais, e a Defesa Civil conseguindo mostrar na prática como essas informações são úteis para que a população se previna dos acidentes”, disse.
A Defesa Civil trabalha para prevenir a ocorrência de desastres naturais e tecnológicos e, para José Carlos Luzia Rodrigues, que está há sete anos à frente das operações municipais do órgão, a maior preocupação, no entanto, é que o que ocorreu na cidade, em 2010, seja facilmente esquecido. “O que não pode é cair no esquecimento. Vamos trabalhar para que as próximas gerações tomem consciência dos riscos que corremos, porque as lembranças são marcantes”, disse.
Uma das ações da Defesa Civil dentro das escolas é o curso “Defesa Civil: a aventura”. Em forma de game, o curso é oferecido dentro da plataforma da Evesp, em parceria com a Secretaria de Educação, e ensina, de forma interativa, como agir em situações de risco.
Os alunos aprendem, por exemplo, como identificar se uma moradia pode escorregar morro abaixo, ou como agir durante uma tempestade com raios. “A gente pensou em trazer o assunto de uma forma mais lúdica, mais dinâmica, para que o jovem pudesse ter acesso a uma linguagem que ele conhece”, relembrou a Tenente Cíntia Pereira Torres Oliveira, diretora de comunicação social da coordenadoria estadual de Defesa Civil.