Cemaden realiza oficina para preparar escolas a reduzirem o risco de desastres naturais no município de Lorena (SP)
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Tornar as escolas sustentáveis e resilientes foi o objetivo da 1ª Oficina de Formação de Redução de Desastres Sociambientais no município de Lorena (SP), apresentada pelos pesquisadores e tecnologistas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Com o apoio da Secretaria Municipal de Educação e da Defesa Civil de Lorena, a capacitação foi destinada aos gestores e professores de sete escolas municipais, situadas em áreas vulneráveis a inundações, onde foram instalados os pluviômetros semiautomáticos. A oficina também contou com a participação de voluntários e de representantes de instituições não governamentais, como o Movimento Nascente do Paraíba, que contribuíram com experiência socioambiental da região.
Essa capacitação faz parte do Acordo de Cooperação Técnica entre o Cemaden e a Prefeitura, dentro do Projeto Lorena Resiliente. A coordenação da oficina foi feita pela equipe do Projeto Cemaden Educação, com o objetivo de contribuir para a formulação de atividades didático-pedagógicas, voltadas para o Ensino Fundamental sobre a preservação de riscos de desastres naturais. A oficina se dividiu em duas etapas : a teórica e a das atividades em campo.
Na parte teórica, pesquisadores das áreas de meteorologia, hidrologia e geografia do Cemaden, apresentaram conceitos relevantes sobre desastres naturais, riscos, vulnerabilidade, perigo, danos e a relação dos fenômenos meteorológicos e riscos de inundação. Mostrou, também, a atuação do Projeto Pluviômetros nas Comunidades, com orientações básicas para coleta e interpretação do registro de dados para o monitoramento do nível de chuvas.
Na parte prática, os participantes vivenciaram atividades em campo, nas áreas inundáveis do Rio Mandi, com fichas de questionários direcionando a percepção e a observação das áreas de risco.
A coordenadora do Projeto Cemaden Educação, antropóloga Rachel Trajber, contextualizou o trabalho na escola sustentável e resiliente, com base em três dimensões : espaço físico da escola, o currículo educacional (incluindo saberes científico e tradicional, a trans e interdisciplinaridade) e a gestão (que inclui a comissão integrada pela comunidade e Defesa Civil). “O objetivo é contribuir para a geração de uma cultura de prevenção de riscos de desastres naturais, com seus impactos socioambientais, por meio da construção de uma escola sustentável e resiliente.”, afirma a coordenadora.
Residindo em Lorena há mais de 26 anos, Robson Fernando Dias entrou na equipe da Defesa Civil do município desde janeiro deste ano, no período chuvoso mais crítico. Participante ativo do projeto, considera importante o desenvolvimento de atividades de informação sobre prevenção de riscos de desastres nas escolas. “As crianças são curiosas em saber como funcionam os pluviômetros, sempre atentas e abertas a novos conhecimentos. Elas podem disseminar as informações sobre prevenção para os riscos de desastres junto à família.”
“É importante a união de várias entidades em prol da ação ambiental, utilizando a Educação como parte da mudança de atitude.”, afirma a professora Jamile Bonfim Siqueira, gestora da Escola Municipal Governador Mário Covas. “Esse trabalho gera uma estrutura psicológica e humana para o trabalho coletivo, voltado ao futuro melhor da comunidade.”
A coordenadora do Projeto Lorena Resiliente, da Secretaria Municipal de Educação, professora Analice de Oliveira Barbosa, considera o projeto inovador e, ao mesmo tempo, desafiador. “A parceria do município com o Cemaden e o intercâmbio de informações contribuem para transcender nossa capacidade de conhecimento. Podemos repassar esse conhecimento aos alunos, visando a mudança de atitudes e prevenção de riscos.”, afirma a professora.
Nas propostas pedagógicas apresentadas às escolas municipais de Lorena, ficou agendada uma 2ª oficina, nos dias 3 e 4 de agosto. Nessa etapa, serão discutidos dois temas: o primeiro, sobre as ações para melhoria do lugar, com base na cartografia social. O segundo, sobre Comunidade Sustentável Resiliente, na formação do Comitê participativo denominada Com-VidAção.
Escolas sustentáveis e resilientes – O Projeto Cemaden Educação foi reconhecido como prática inspiradora pela Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, sigla em inglês). Implantado, em 2014, é um projeto piloto voltado para as escolas de ensino médio, localizadas em municípios vulneráveis a desastres socioambientais, com o objetivo de desenvolver pesquisas de prevenção de desastres – com monitoramento e alertas – produção de conhecimento, bem como a gestão participativa de intervenções nas comunidades locais.
Fazem parte do Projeto Cemaden Educação escolas piloto das cidades paulistas de São Luiz do Paraitinga, Cunha e Ubatuba. Em 2015, ampliou o trabalho em conjunto com o Projeto Pluviômetros nas Comunidades, em uma proposta inovadora de criar o programa Cemaden Resiliência. Atualmente, esses projetos atuam no estado do Acre.
Criado a partir do acordo de cooperação técnica entre Cemaden e a Prefeitura Municipal de Lorena, no ano passado, o Projeto Lorena Resiliente prevê a instalação de pluviômetros, trocas de experiências, capacitação e pesquisa, com o objetivo de redução de riscos de desastres no município e promover ações para tornar a cidade mais resiliente. Nesse município, considerado piloto, o projeto conta com três Grupos de Trabalho : o GT Defesa Civil, o GT Saúde e Meio Ambiente e o GT Educação. Este último desenvolve ações com as sete escolas municipais, onde estão instalados os pluviômetros comunitários.