1. Apresentação da Jornada e descrição das atividades
Atividade de “história viva” que revela as diferentes experiências, visões e formas de perceber os desastres naturais, no tempo e no espaço. Propõe a coleta de narrativas e testemunhos dos desastres (enchentes, deslizamentos, secas etc.) ocorridos no bairro da escola/comunidade. Os estudantes poderão experienciar a preservação da memória coletiva e individual sobre as mudanças socioambientais locais por meio de relações inter-geracionais (com pessoas de diversas idades/gerações).
2. Perguntas de pesquisa
- Será que as atuais formas de representação e convívio com os elementos da natureza (terra, água, chuva, vento) são diferentes do passado?
- A paisagem mudou muito com o passar do tempo?
- Havia enchentes, secas, queimadas, chuvas fortes e rápidas? Como as pessoas previam os desastres? Como se protegiam?
- Como podemos aprender com o passado na construção do futuro?
3. Objetivos
- Sensibilizar para a percepção dos valores que orientam as relações da comunidade com os riscos socioambientais;
- Conhecer as mudanças ocorridas ao longo do tempo no ambiente vivido;
- Identificar saberes e percepções da comunidade sobre as mudanças e processos ambientais existentes que podem produzir, e também reduzir, os riscos socioambientais relacionados a desastres.
4. Temas e componentes Curriculares envolvidos
Geografia: Compreensão do caráter sistêmico do planeta. Relações entre as condições do meio e a intervenção humana. Interpretação das diferentes escalas de tempo para descrição das transformações antrópicas que intensificam as alterações climáticas globais e desastres locais
Português: Leitura, produção e escuta de textos narrativos em diferentes situações de comunicação. Relações entre informações das diferentes áreas do saber na interpretação de narrativas e produção de textos. Transcrição das entrevistas.
História: História do tempo presente e memória ambiental. História viva dos desastres ocorridos na região, coletada em narrativas e testemunhos. Entendimento para a superação dos desafios sociais, políticos e econômicos enfrentados pelas sociedades contemporâneas.
Sociologia: Análise dos processos sociais que facilitam o conhecimento do meio imediato e as mudanças socioambientais. Debates sobre a percepção dos riscos e as ideias de qualidade de vida. Reflexões sobre identidade, memórias e pertencimento. Metodologia de trabalho de campo.
Artes: Uso de tecnologias (áudio e vídeo) para execução de projeto de história oral e formas de representação da atividade (ilustrações, fotos, vídeos, animações, cartografia, jornal, exposição do projeto).
Biologia: Evolução e características básicas dos ecossistemas. Intervenções humanas no ambiente. Estados de conservação, impactos e acidentes ambientais. Reconhecimento da importância da biodiversidade para preservação da vida.
Filosofia: Reflexões sobre as relações entre cultura e natureza. Mudanças na cultura e sociedade ocorridas, observadas nos depoimentos. Relações entre solidariedade e liberdade, moral e ética. Questionamento do avanço tecnológico, do pensamento tecnicista e das consequências para a vida no planeta.
5. Metodologias
História oral é uma metodologia que preserva a memória individual e coletiva, e as experiências culturais, transformando depoimentos e entrevistas em documentos históricos. Há alguns tipos de história oral: história oral de vida, história oral temática e tradição oral.
Vamos priorizar a história oral temática, com foco na percepção dos riscos de desastres no local e, também nas principais mudanças na forma de relação entre a comunidade e seu ambiente que ocorrem atualmente. A metodologia é baseada em gravações de narrativas pessoais, lembranças, memória de fatos e impressões de acontecimentos sobre o tema. A pesquisa em história oral se constitui de três elementos básicos:
i. Entrevistador/a;
ii. Entrevistado/a;
iii. Aparelho de gravação;
Esta forma de pesquisa se fundamenta na consciência da cidadania, quando as pessoas participam do processo de entendimento do mundo. No caso da percepção dos riscos de desastres, a descoberta das experiências de quem observa a dinâmica do tempo e clima do ambiente e/ou vivenciou uma situação hidro meteorológica extrema, ajuda as gerações mais jovens a entender e organizar melhor o território onde vivem. Dessa maneira, fica mais fácil prevenir os riscos de desastres socioambientais e pensar em estratégias de ação em caso de alertas e emergências.
Observação:
Esta atividade é sequencial, não foi dividida em níveis, mas em três fases: preparação, entrevista e exposição dos resultados. Cada fase contém diversas ações como: roteiro, agendamento, entrevistas, transcrições, conferência dos entrevistados e previsão para exposição dos resultados (sugestão de cronograma). Para garantir a organização das turmas e demonstrar seriedade ao colaborador que dará entrevista, faça um calendário das atividades e ações desenvolvidas em todas as fases:
- Fase 1: Preparatória – tempo previsto: 10 dias;
- Fase 2: Entrevista – tempo previsto: 45 dias;
- Fase 3: Apresentação dos resultados.
6. Recursos
Filmadora ou gravadores (para coleta das entrevistas), equipamento para arquivamento das entrevistas (CDs ou DVDs, cartão de memória) e caderno de campo.
7. Tempo estimado e periodicidade
- Dois meses.
- Atividade sem periodicidade de coleta e resultados. Depende de definições de turmas de alunos.
8. Produtos
Disponibilizar os resultados mais significativos:
- Compartilhe vídeo e arquivo de texto com os depoimentos marcantes que resumem a visão do entrevistado da mudança ambiental, sua percepção dos riscos e vivência de desastres;
9. Avaliações sugeridas
Sugestão do que pode ser avaliado nesta atividade de pesquisa. No entanto, cada professor deverá utilizar seus critérios e procedimentos próprios.
- Processual: como o/a estudante se comportou com os resultados adquiridos em cada etapa? Que fase gostou mais de realizar? Como cada um avalia a atividade?
- Avaliar o desenvolvimento de atitudes proativas na interação, cooperação e organização do trabalho em grupo.
- Avaliar o envolvimento com o tema nas rodas de conversa, exposição dos resultados na escola e eventos realizados com a comunidade.
10. Ficha técnica
Proposta de atividade:Dra. Rachel Trajber, Dra. Ana Gabriela Araújo.
Coordenação:Dra. Rachel Trajber, pesquisadora e coordenadora do Cemaden Educação.
Colaboradores Cemaden:Victor Marchezini, pesquisador da área Cemaden Desastres Naturais.
Colaboradores Externos / Escolas do projeto piloto:
- EEEM Monsenhor Ignácio Gióia – São Luiz do Paraitinga/SP;
- EEEFM Paulo Virgínio – Cunha/SP;
- EEEFM Profª Maria Alice Alves Pereira – Ubatuba/SP;
A Metodologia desta atividade foi baseada em: Sebe Bom Meihy, José Carlos.Manual de História Oral (5ª edição). SP: Edições Loyola, 2005.