1. Apresentação da Jornada e descrição das atividades

Movimento de massa (deslizamento, escorregamento, ruptura de talude, queda de barreiras/blocos/rochas), é o movimento de descida de solos e rochas que sofrem o efeito da gravidade e, muitas vezes, potencializado pela ação da água. De acordo com as Nações Unidas, os movimentos de massa são um dos fenômenos naturais que causam maior impacto financeiro e mortes no mundo. 

Considerando os mecanismos específicos e os diferentes materiais envolvidos, os movimentos de massa são classificados em quatro tipos principais: (i) quedas/tombamentos/rolamentos; (ii) deslizamentos/escorregamentos; (iii) fluxo de detritos e lama; e (iv) subsidência e colapsos. 

O Brasil é considerado muito suscetível aos movimentos de massa devido às condições climáticas marcadas por verões de chuvas intensas em regiões de grandes maciços montanhosos. Nos centros urbanos os movimentos de massa têm tomado proporções catastróficas devido principalmente a atividades humanas como cortes em talude, aterros, depósitos de lixo, modificações na drenagem, desmatamentos, entre outras, têm aumentado a suscetibilidade das encostas para a formação desses processos. Essa condição é agravada, principalmente, quando ocorrem ocupações irregulares, sem a infraestrutura adequada, em áreas de relevo íngreme.

Quando estes movimentos acontecem em locais onde ocorre a ocupação humana os resultados podem ser desastrosos. Em uma situação de deslizamento, casas inteiras, rodovias e tudo o que estiver no caminho pode ser levado encosta abaixo ou acabar soterrado. O problema é que na maioria das vezes a situação poderia ser evitada.

Como os deslizamentos constituem o principal tipo de movimento de massa monitorado e alertado pelo Cemaden, vamos aprofundar seu estudo nesta sugestão de atividade. Por essa razão, várias vezes utilizamos os termos movimento de massa, deslizamento de terra, ou deslizamento de encosta como sinônimos.

Esta Jornada se propõe a desvelar como acontecem os movimentos de massa e atuar na prevenção/redução de riscos de desastres em sua comunidade. 

A proposta é de contribuir para a redução de riscos de deslizamentos/escorregamentos de encostas por meio de dois tipos de exercícios em que os estudantes se tornam pesquisadores/pesquisadoras e detetives:

 Pesquisa de ciências, social e, de linguagens:

  • Pesquisa de ciências – participam de experimentos práticos em ciências que ampliam a compreensão do fenômeno geológico para demonstrar os  possíveis potencializadores de movimentos de massas em cada local;
  • Pesquisa social e de linguagens – abordagens sociais e de linguagens com o tema desastres socioambientais, com foco em deslizamento de encostas. Pesquisas de memórias, percepções em meios de comunicação, publicações, literatura, poesia, vídeos, entrevistas e outras formas de expressão.

 Detetives de sinais e de monitoramento:

  • Detetives de sinais – observação da paisagem a partir da percepção de sinais (visuais, táteis, fotográficos);
  • Detetives de monitoramento – monitoramento, coleta e comparação de dados de chuvas (com o uso de pluviômetros), umidade do solo e até processos de mudanças na paisagem.

As diferentes formas de compreensão, observação e monitoramento constante do local onde se encontra a comunidade escolar são propostas em função da prevenção de riscos de desastres. As abordagens combinadas contribuem para proteção das comunidades diante da possibilidade da ocorrência de movimento de massa. Em contato constante com a Defesa Civil do município e o Cemaden, o monitoramento local contribuirá para a realização de intervenções preventivas e a preparação das comunidades vulneráveis. 

2. Perguntas de pesquisa

  • Quais elementos colaboram para a ocorrência do deslizamento?
  • Quais os mecanismos específicos envolvidos nos movimentos de massa?
  • Por que nos centros urbanos os movimentos de massa tomam proporções catastróficas?

3. Objetivos

  • Aprender a interpretar sinais, elementos, fenômenos e impactos ligados a movimentos de massa para a prevenção de desastres junto com as comunidades escolares;
  • Coletar dados hidro-meteorológicos (hidro = água, meteoro = relacionado ao céu e logia = estudo), físicos e de uso e ocupação do solo relevantes para o monitoramento de riscos de deslizamentos de encostas;
  • Participar da Rede de prevenção de riscos de desastres e proteção das comunidades do Cemaden Educação a partir de metodologias ativas como aprendizagem significativa, iniciação científica e ciência cidadã.

4. Temas e componentes Curriculares envolvidos

Português: Atividades linguísticas e discursivas com o tema desastres socioambientais, deslizamento de encostas. Pesquisa de ocorrências de movimento de massa em meios de comunicação, publicações de difusão científica, literatura e outras formas discursivas. Trabalho com educomunicação.

Matemática: Noções de medição, uso de instrumentais matemáticos em procedimentos de quantificação e análise. Elaboração e interpretação de gráficos e tabelas, resolução de problemas.

História: Analisar os processos de formação histórica dos desastres, relacionando-os às práticas dos diferentes grupos, agentes sociais, bem como da organização política e econômica da sociedade. Identificar os instrumentos para ordenar os eventos históricos, relacionando-os a fatores geográficos, econômicos, políticos e culturais. Identificar, a partir de mapas, fenômenos e desastres histórico-sociais, considerando suas dimensões temporais e espaciais.

Química: Elementos químicos presentes no solo. Tipos de solos e suas relações com a água. Conversão de escalas e unidades de medidas e apresentação dos dados. Relacionar as massas moleculares de reagentes e produtos, e as massas mensuráveis (gramas, quilogramas, toneladas) dessas substância.

Física: Conversão de escalas e unidades de medidas. Lei da gravidade. Relação entre as leis de Newton e as leis de ciência de solos, dinâmica dos fluidos e a conservação da energia mecânica. Análise dos locais com descarte inadequado de resíduos sólidos. Identificar movimentos que se realizam no dia a dia e as grandezas relevantes que os caracterizam.

Geografia: Identificar e descrever, nas paisagens, os elementos mais duráveis e os mais suscetíveis a mudanças na temporalidade humana. Noções de geologia e formação dos solos. Associar padrões de desenvolvimento econômico e social à prevenção de riscos. Classificar as diferentes manifestações do relevo terrestre considerando as forças que atuam no planeta. Selecionar, organizar, relacionar e interpretar dados e informações, representados de diferentes formas, para tomar decisões com vistas à prevenção de situações de risco. Vulnerabilidade socioambiental. 

Biologia: Ciclos biogeoquímicos. Relação entre as atividades econômicas e as alterações nos ecossistemas. Inferir sobre o nível de desenvolvimento e de saúde de regiões brasileiras com base em suas respectivas condições de acesso a saneamento básico. Analisar criticamente a relação humana com o meio ambiente, em situações concretas, reconhecendo a espécie humana como parte integrante de um processo no qual ela modifica e é modificada pelo ambiente em que vive.

5. Metodologias

Esta atividade se propõe a desvelar como acontecem os deslizamentos de encostas e, a partir do conhecimento popular e científico, possibilitar uma atuação mais eficaz na prevenção/redução de riscos de desastres em cada comunidade.

A regularidade da observação é fundamental para o monitoramento e a tomada de ações de proteção da vida em caso de desastres. Essa atividade se relaciona diretamente com a atividade Pluviômetros: monitoramento e alertas de chuvas .

A atividade A Terra Desliza contém exercícios abertos e variados, voltados para as vivências dos estudantes, propostos em três eixos: observação de sinais, experimentos e monitoramento.

Muitas das atividades propostas podem e devem ser trabalhadas com a Defesa Civil do seu município.

6. Recursos

Algumas atividades precisam de materiais simples e fáceis de serem encontrados. Os materiais estão listados em cada exercício. 

7. Tempo estimado e periodicidade

Atividade de manutenção permanente.

Os exercícios em três níveis podem ser feitos a critério das atividades planejadas pelas professoras e professores.

8. Produtos

Os resultados obtidos nas atividades podem ser divulgados no site do Cemaden Educação!

Os professores, juntamente com diretores e coordenadores podem cadastrar a unidade escolar, seguindo os passos a seguir:

No site do Cemaden Educação , no canto superior direito clique em ACESSAR  e faça o cadastro da instituição.

Após o cadastro, cada unidade pode disponibilizar os trabalhos desenvolvidos.

9. Avaliações sugeridas

Sugestão do que pode ser avaliado nesta atividade de pesquisa. No entanto, cada professor deverá utilizar seus critérios e procedimentos próprios.

  • Avaliar habilidades de identificar, analisar e monitorar sinais de movimento de massa apresentados na paisagem, para a prevenção de deslizamento de terra na comunidade. 
  • Avaliação processual e contínua: como o/a estudante aprende a coletar e interpretar dados de forma sistemática, e a realizar o monitoramento. Identificar os avanços e as dificuldades expressas por cada um para a realização das atividades.

10. Ficha técnica

Proposta de atividade: Dra. Rachel Trajber, Dr. Márcio Andrade, Dra. Maria Francisca Azeredo Velloso, Dra. Carla Graciotto, Dra. Débora Olivato.

Coordenação: Dra. Rachel Trajber, pesquisadora e coordenadora do Programa Cemaden Educação.

Colaboradores Cemaden: Dr.Daniel Metodiev, Dra. Marisa Mascarenhas.

Colaboradores Externos:

Professora Camara Apolinário

Professor Rafael Afonso Pellegrini de Almeida Lucas 

Escolas Piloto:

Escola Estadual Professora Maria Helena Duarte Caetano – Cubatão/SP

Escola Estadual Deputado Emílio Justo – Santos/SP

Agradecimentos:

Programa Ciência na Escola MCTI

CNPq

Projeto RedeGeo – Cemaden/MCTI

Instituto Geológico de São Paulo

Pedro Carignato Basilio Leal  IG – SP

Escola Estadual Profa. Florentina Martins Sanchez – Ubatuba SP

Professores da Escola Estadual Dr. Eduardo Corrêa da Costa Jr. – Caraguatatuba SP