1. Apresentação da Jornada e descrição das atividades

A água é um elemento essencial à vida. Por isso, é importante saber onde os rios nascem, para onde vão, como são utilizados e como influenciam na ocupação e transformação dos nossos espaços nos territórios. E nem sempre percebemos que tudo isso acontece em uma Bacia Hidrográfica! 

A bacia hidrográfica constitui uma importante unidade de estudo do ambiente e de gestão territorial participativa para prevenção de riscos de desastres socioambientais. É por ela que os municípios devem pensar, decidir e se organizar quando se trata de riscos de desastres associados à água.  

Esta Jornada Pedagógica, chamada de Bacia Escola, propõe descobrir como podemos aprender com a bacia hidrográfica do nosso território. 

Parece um trocadilho, mas a bacia é uma escola e a escola é o lugar onde se estuda a bacia hidrográfica. Ela tem muito a ensinar, pois é entendida como uma tecnologia social que adota uma bacia em busca da sustentabilidade e resiliência a desastres quando se integra ciência cidadã, educação ambiental e hidro-solidariedade (SATO, 2022).

É importante pesquisar onde nos localizamos dentro da bacia hidrográfica, reconhecer como a ocupação humana interfere nos processos de desenvolvimento regional e saber agir para identificar, mapear, monitorar e prevenir riscos de desastres na bacia do município, região ou território. Está na lei: a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (Lei nº 12.608/2012) prevê a adoção da bacia hidrográfica como unidade de análise das ações de prevenção de desastres relacionados a corpos d’água e decorrentes do uso inadequado das águas dos rios.

2. Questões de pesquisa

Questões de pesquisa que motivam e orientam esta Jornada Pedagógica:

  • Qual a relação entre a região hidrográfica brasileira e a sub-bacia onde se localiza seu município e a sua comunidade?
  • Como as intervenções humanas impactam os rios em seu território? 
  • Há riscos de desastres de origem hidrometeorológica (hidro=água, meteoro=relativo ao céu, logia=estudo) na bacia hidrográfica do seu município? 

3. Objetivos

  • Reconhecer o pertencimento da escola e comunidade a um rio, que é parte de uma Bacia Hidrográfica, com seus caminhos desde a nascente, os rios principais, os afluentes, a  microbacia local, nascente até a foz, no oceano.
  • Identificar os impactos da ação humana sobre a Bacia Hidrográfica e sobre o rio mais próximo da sua escola e comunidade;
  • Prevenir ou alertar sobre os riscos socioambientais incidentes no rio de seu município, na região e no território da bacia hidrográfica.
  • Criar hidro-solidariedade para prevenir desastres por meio da comunicação e partilha de informações com escolas e comunidades rio acima e rio abaixo.

4. Temas e componentes Curriculares envolvidos

Geografia: Espacialização do município. Coordenadas geográficas, georreferenciamento e ocupação do território. Relevo. hidrografia. Evolução e transformação da paisagem e da região (aspectos físicos, ambientais, sociais e culturais). Escalas de análise. Representação cartográfica. Declividade. Erosão superficial/ assoreamento. Alagamentos, enchentes, inundações, escorregamentos. Eventos extremos. Vulnerabilidade socioambiental.

Artes: Pesquisa e o desenvolvimento de processos de criação. Representação do ambiente (ilustrações, fotos, vídeos, animações, cartogramas, maquetes, esculturas, músicas, saraus). Ciência e a arte como expressões do pensamento humano, suas diferentes linguagens e formas de representação. 

Biologia: Ciclos da água e biogeoquímicos. Características básicas dos ecossistemas da bacia. Biodiversidade. Intervenções humanas. Estados de conservação e impactos ambientais. Emergência Climática. Relação entre as atividades econômicas e as alterações nos ecossistemas. Avaliação dos impactos da transformação e adaptação do ambiente aos interesses de um sistema criado por seres humanos em detrimento de outros seres vivos do planeta.

Língua Portuguesa: Análise comparativa da diversidade de gêneros textuais. Pesquisa e produção textual a partir de textos jornalísticos, científicos e literários. Criação de histórias, poemas e contos.

Matemática: Uso de instrumentais matemáticos em procedimentos de quantificação e análise. Unidades de medidas em volume, conversão de medidas. Conversão de escalas e unidades de medidas e apresentação dos dados. Elaboração e interpretação de gráficos e tabelas, resolução de problemas. Teoria dos conjuntos.

História: Evolução e transformação da bacia hidrográfica a partir da intervenção humana na região (produção econômica, história, sociedade e cultura).

Física: Deslizamento, assoreamento (caracterização, estimativas e interações). Representação gráfica. Vazão e Cota. Conversão de escalas e unidades de medidas. Conceitos como clima, aquecimento global, efeito estufa, camada de ozônio etc.

Química: Estados físicos da água e suas reações químicas, fenômenos climáticos: (efeito estufa, chuva ácida). Avaliação de aspectos sociais, tecnológicos, econômicos e ambientais Transformação química na natureza Poluição. Avaliação de aspectos sociais, tecnológicos, econômicos e ambientais envolvidos na produção, no uso e no descarte de substâncias.

5. Metodologias

O conjunto de atividades propostas nesta jornada combina pesquisas, estudo do meio, produção de maquetes e mapas temáticos, com o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). As atividades previstas  podem ser realizadas de acordo com o planejamento escolar e envolvimento das diferentes áreas/disciplinas. É importante considerar que algumas atividades da Jornada envolvem outros atores e órgãos especializados de seu município, como a Universidade, OSC, Defesa Civil e dos bombeiros para orientações, aprofundamentos e proteção.

6. Recursos

  • Estudo do meio
    • Fichas e cadernos de campo, prancheta;
    • Câmera fotográfica ou a do próprio celular.
  • Produção de maquete da bacia hidrográfica 
    • Materiais diversos: isopor, cola, massa de modelar, etc.
  • Tecnologias de Informação e Comunicação
    • Acesso à  Internet para baixar arquivos e acessar programas de visualização geoespacial (Google Earth, QGIS, etc.).
    • Mapa temático
      • Recursos cartográficos e de sensoriamento remoto: baixar mapas e cartas das áreas de riscos da região mapeadas pelo Serviço Geológico do Brasil (antiga CPRM), vetores e banco de dados em geociências do IBGE.
      • Material de papelaria: folhas A4 ou A3, canetas coloridas, régua, lápis.

7. Tempo estimado e periodicidade

As atividades desta Jornada podem ser realizadas de forma não sequencial e de acordo com os níveis de aprofundamento. Pode envolver diferentes áreas/disciplinas com durações variáveis (curto, médio e longo prazo).

8. Produtos

Produtos de ciência e pesquisa: produção textual – relatórios, artigos científicos – medições, gráficos, mapas conceituais, planilhas e tabelas dos dados de monitoramento  das chuvas. 

Produtos de monitoramento e alerta  com a comunidade escolar, o poder público, a Defesa Civil, associação de moradores e demais instituições e grupos comunitários participantes: 

Relatório do estudo do meio, mapa, maquete.

Produtos de comunicação: páginas em redes sociais, boletins, infográficos, podcasts, vídeos curtos, trends, palestras, relatórios fotográficos, jornal mural.

OBS: Compartilhe os produtos no site do Programa Cemaden Educação, na área da sua escola/instituição. Inscreva sua instituição.

9. Avaliações sugeridas

As atividades podem ser avaliadas segundo o aprimoramento do conhecimento, desenvolvimento de atitudes, hábitos e valores definidos de acordo com as componentes curriculares, com destaque para:

  • Vivência na atividade científica com regularidade no processo de coleta e compartilhamento de dados; 
  • Identifica a escola e as ocupações em geral inseridas na bacia hidrográfica;
  • Identifica padrões numéricos e interpretação de unidades de medida e conversões;
  • Compreende a terminologia básica sobre bacia hidrográfica como unidade territorial;
  • Participa na divulgação e socialização dos dados para prevenção de situações de riscos de desastres na comunidade;
  • Identifica as instituições e os grupos que atuam na proteção e na gestão de riscos de desastres em bacias hidrográficas;
  • Avalia e interpreta a representação do espaço tridimensional (maquete) em bases cartográficas bidimensionais (mapas e imagens);
  • Reconhece transformações que podem tornar áreas da bacia hidrográfica vulneráveis a riscos e desastres.

10. Ficha técnica

Fase 1 (2014-2022)

Colaboradores internos:  Rachel Trajber (Coord.), Ana Gabriela Araújo, Claudia Linhares, Graziela Scofield, Leonardo Bacelar Santos, Victor Marchezini.

Colaboradores Externos:

  • EEEFM Paulo Virgínio – Cunha/SP;
  • Professores: Ana Maria de Oliveira, Maria Auxiliadora de Almeida, João Gonçalves dos Reis e Dalva Aparecida de Deus Moura;
  • Estudantes: Talia de Fátima Moreira Justino, Thiago Gentil Sampaio Fraga Coordenação Pedagógica: Shirley Monteiro;

Fase 2 (2023)

Colaboradores internos: Aloísio Lellis de Paula, Antonio Fernando Silveira Guerra, Carolina Franco Esteves, Débora Olivato, Felipe Augusto Santos, Jeniffer de Souza Faria, Maria Francisca Velloso, Patrícia Mie Matsuo, Rachel Trajber (Coord.) Rafael Damasceno Pereira, Larissa Antunes, Priscilla Françoso, Rochane Oliveira Karam.

Colaboradores externos: Anderson Mululo Sato- Instituto de Educação de Angra dos Reis/Universidade Federal Fluminense (IEAR/UFF), Grupo de Pesquisa em Desastres Sócio-Naturais (GDEN), Tatiana Sussel Mendes (UNESP- São José dos Campos)