Sociologia dos desastres – construção, interfaces e perspectivas no Brasil
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O Grupo de Pesquisa “Sociedade e Recursos Hídricos”, certificado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 1995, foi o primeiro a ser criado na interface da Sociologia com o tema dos conflitos sociais e dimensões político-institucionais em torno das águas doces no Brasil. Como desdobramento das pesquisas até ali empreendidas, privilegiou, a partir de 2003, a temática dos desastres relacionados à água no Brasil, razão pela qual constituiu um grupo de estudos, intitulado Grupo de Estudos e Pesquisas em Desastres (GEPED).
Em setembro de 2005, o GEPED institucionalizou-se, junto ao Departamento de Ciências Sociais (DCSo), como Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres (NEPED). O referido Núcleo foi institucionalizado junto ao recém-criado Departamento de Sociologia (DS) e dedica-se, igualmente, a estudos sociológicos sobre vulnerabilidade relacionadas aos eventos extremos associados às mudanças climáticas no contexto de países africanos lusófonos. Essa linha de atuação do NEPED visa subsidiar o reforço da capacidade institucional para atender preparativamente aos segmentos mais expostos aos impactos de ameaças extremas, nos seus vieses ocupacionais, étnicos, religiosos, de pessoas com limitada mobilidade e outros.
A Sociologia de Desastres, como subárea da Sociologia do Desenvolvimento, está em franco e profícuo crescimento nas principais arenas científicas internacionais. Mas, no Brasil, as discussões e contribuições são, ainda, incipientes. Os capítulos foram agrupadas em quatro seções. Na Seção I, são discutidos os fatores limitantes das dimensões político-institucionais atuais do Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC) na adoção de medidas de prevenção, preparação, resposta e reconstrução. Na Seção II, os autores abordam dimensões sociais da vulnerabilidade referentes aos riscos e danos sociais relacionados às chuvas, os quais se associam as enxurradas, enchentes, deslizamentos e colapso de barragens. São focalizados, especialmente, grupos sociais empobrecidos (com recorte de gênero, etário, étnico e pessoas com deficiência). Na Seção III, discute-se a temática dos fundamentos para a educação para a redução de desastres no contexto brasileiro, apresentando metodologias inovadoras, como a denominada Maquete Interativa, criada em janeiro de 2006 e aprimorada desde então no âmbito do NEPED e a reflexão sobre o papel dos jogos cooperativos em tabuleiro na coesão de equipes que lidam com contextos estressantes, como os desastres. Por fim, na Seção IV, é tratado o tema do contexto de vulnerabilidade de grupos sociais no continente africano, cujo incremento das agruras não encontra a solidariedade correspondente.
Referência: Sociologia dos desastres – construção, interfaces e perspectivas no Brasil. / organizado por Norma Valencio, Mariana Siena, Victor Marchezini e Juliano Costa Gonçalves – São Carlos : RiMa Editora, 2009.