Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Escola Técnica Estadual Alcides do Nascimento Lins (ETE-ANL) – Camaragibe/PE
Enviado em 24/10/2019
Título: Mapeamento participativo e percepção de risco por alunos do Ensino Médio inseridos em escolas localizadas em comunidades de risco em Camaragibe (PE): ETE-Alcides do Nascimento Lins.
Objetivos: Avaliar criticamente a importância do mapeamento participativo em áreas de risco; Identificar as diferentes formas de ocupação em áreas de risco; Analisar o perfil socioeconômico de comunidades inseridas em áreas de risco; Utilizar a linguagem cartográfica para caracterizar diferentes graus de risco a escorregamentos e; Desenvolver a percepção do risco e influenciar positivamente (práticas seguras) os moradores de comunidades em risco.
Público envolvido: As atividades propostas de mapeamento participativo de risco e seus conceitos envolvidos foram realizadas na Escola Técnica Estadual Alcides do Nascimento Lins (ETE-ANL), localizada no município de Camaragibe, Região Metropolitana de Recife-PE. O público envolvido englobou alunos do 1º ano do Ensino Médio (turma de 40 discentes), com atividades metodologicamente ativas, realizadas em duas aulas. As atividades foram aplicadas pela Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFPE Tawana de Melo Pereira, sob a supervisão de seu orientador, Prof. Dr. Fabrizio de Luiz Rosito Listo.
Atividades realizadas: Na Escola Técnica Estadual Alcides do Nascimento Lins, as atividades foram iniciadas a partir de aula expositiva e dialogada a cerca dos seguintes conteúdos: desastres naturais e seus riscos; vulnerabilidade; processos de escorregamentos; cartografia social e mapeamentos participativos. Em seguida, foi proposta uma atividade prática (metodologia ativa) na qual a turma foi dividida em grupos de cinco alunos. Para a atividade foram apresentadas imagens do município de Camaragibe com situações de riscos variadas em
diferentes graus de risco (R1, R2, R3 e R4), na qual, os alunos precisaram identificar: (i) os processos físicos atuantes; (ii) as ações antrópicas inadequadas; (iii) as situações de vulnerabilidade; entre outros. Em seguida, por meio de discussões coletivas, solicitou-se que os discentes julgassem os graus de risco de cada imagem, justificando-os. Para a análise dos graus de risco, alguns questionamentos/provocações foram colocados para os discentes, tais como: qual a tipologia das residências (alvenaria ou madeira) nas imagens?; há rachaduras nas residências e/ou árvores inclinadas?; o esgoto está sendo lançado diretamente nas encostas?; entre outras. Por fim, os discentes foram indagados se os moradores das comunidades poderiam aumentar a probabilidade de escorregamentos com tais práticas e quais medidas poderiam ser realizadas tanto pelos moradores quando pelo poder público para minimizar as situações de risco. Destaca-se que tais questionamentos tiveram como objetivo provocar nos discentes a percepção do grau de risco e as práticas perigosas na ocupação de áreas mais suscetíveis. Foram utilizados os seguintes recursos para as atividades: fotos de trabalhos de campo coletadas pelo docente e pela mestranda em trabalhos de campo realizados com a Defesa Civil municipal nas áreas de risco de Camaragibe (atividades fora da escola); imagens de satélite disponibilizadas pelo software Google Earth e materiais escolares para confecção dos mapeamentos de risco participativos. Assim, os alunos puderam realizar a delimitação dos setores de risco e, após os julgamentos dos graus de risco, produzir os mapeamentos finais.
Resultados: As equipes divulgaram seus resultados em pequenos seminários, explicitando os critérios de cada grupo no julgamento das áreas de risco e debatendo as possíveis medidas mitigadoras para minimizar determinadas situações de risco. O seminário foi encerrado
também por meio de questões relacionadas à percepção do risco pelos discentes, de forma a estimular suas famílias, também inseridas em comunidades de risco. Ressalta-se que os estudantes criaram legendas de risco para seus mapeamentos a partir de critérios próprios, utilizando técnicas temáticas da cartografia, e propuseram soluções de risco.
Outras informações: Os projetos educativos desenvolvidos nas escolas são necessários para aproximar a comunidade na prática de leitura da paisagem, dentro do contexto no qual estão inseridos. Assim, os alunos, bem como as comunidades, puderam contribuir com a sua percepção e a prevenção de risco por meio dos mapeamentos participativos. Destacam-se que foram realizadas parcerias com as comunidades de risco (líderes comunitários) e com a Defesa civil municipal. Para trabalhos futuros a esta pesquisa, destaca-se ampliar essas atividades em outras escolas que estão inseridas em um contexto de risco no município de Camaragibe, a priori no Bairro dos Estados, e também para demais municípios críticos do estado.