O caminho se faz caminhando: construção da percepção dos riscos climáticos a partir do conteúdo de climatologia em sala de aula – Nova Iguaçu/RJ
Objetivos da iniciativa
Buscou-se abordar a percepção do tempo atmosférico e dos riscos climáticos no município de
Nova Iguaçu/RJ a partir do conteúdo de climatologia com alunos do 1° ano do ensino médio
do C. E. Maria Justiniano Fernandes. O objetivo geral é desenvolver a percepção dos alunos
sobre a influência do clima no seu cotidiano através da percepção do tempo atmosférico e dos
riscos climáticos a nível local. Os específicos são investigar o saber prévio de tempo e risco,
construir a base climatológica articulada com a realidade local e promover a autopercepção
dos riscos climáticos e a ação cidadã consciente.
Desastres abordados na iniciativa:
- Inundação / Alagamento / Enchente / Enxurrada
- Escorregamento / Deslizamento de terra
Quem participou iniciativa:
- Alunos de escolas do Ensino Médio
Principais atividades desenvolvidas para a mobilização local de pessoas para participação na campanha
A princípio, foi feita uma investigação por meio de um questionário acerca do conhecimento
prévio sobre tempo e riscos. Após, desenvolveu-se atividades nas aulas de geografia para
construir o entendimento sobre os temas e levantar discussões conectadas com a realidade
local. Em relação ao tempo atmosférico, desenvolveu-se a atividade de observação sensível
do tempo, relacionando os dados coletados pelos alunos por meio da percepção sensorial com
os dados da estação meteorológica do Clima EnGeo (UFRRJ-IM) e do CPTEC. A respeito
dos riscos climáticos, trabalhou-se através da dinâmica climática local e os impactos
registrados pela defesa civil de Nova Iguaçu. Realizou-se aulas sobre o tema na interface das
mudanças climáticas, já que o conteúdo de riscos não consta no currículo básico proposto
pela BNCC. Logo,trabalhou-se as temáticas: Alterações Climáticas: causas e efeitos;
Identificação dos riscos climáticos em Nova Iguaçu; Prevenção e redução dos riscos
climáticos: como agir, quem procurar e como evitar. Ademais, foi proposto a realização de
práticas: responder questionário com perguntas referentes a percepção dos risco na sua vida;
entrevistar familiares e amigos que já vivenciaram ou vivenciam situações de riscos, podendo
incluir relato pessoal; desenvolver texto em grupo sobre o papel da defesa civil, como os
sujeitos devem agir em situação de risco imediato e o que pode ser feito para alertar a
população sobre os riscos baseado em uma situação hipotética de evento climático na sua
localidade. O conteúdo da prova do bimestre contou com o tema dos riscos climáticos. No
total, foram realizadas dez aulas com diferentes metodologias, proporcionando a centralidade
dos educandos no seu processo de ensino-aprendizagem e reflexão sobre a realidade vivida.
Por fim, solicitou-se que os alunos criassem perguntas sobre o tema para guiar o roteiro do
vídeo cadastrado na campanha #AprenderParaPrevenir.
Principais resultados alcançados
Em primeira análise, surgiram desafios na aplicabilidade das atividades durante as aulas de
geografia, em virtude da falta de tempo relacionada aos prazos e demandas da instituição de
ensino e da ausência da educação para o risco no currículo básico. Notou-se também que a
geografia apresenta múltiplas possibilidades para abordar o assunto, por ser uma ciência que
analisa a relação dos fenômenos físico-naturais e a sociedade. Sobre o questionário,
identificou-se que uma parcela dos alunos não associaram o conceito de risco ao clima, mas
sim a violência urbana, enquanto outros associaram por perceberem que haviam perguntas
sobre eventos climáticos. Tal fato se articula com a dificuldade que os alunos apresentaram
na identificação da influência do tempo e do clima em suas vidas, confundindo, o tempo
atmosférico com o tempo cronológico, e o clima com o próprio conceito de tempo
atmosférico. Assim, a ciclicidade dos fenômenos característicos do clima local e os eventos
adversos que geram danos para a população, como o forte episódio de chuva que atingiram o
município em 2022, adquirem caráter casual, algo que é isolado e que não pode ser previsto.
A falta de consciência em relação a forma e frequência dessas ocorrências dificulta a
capacidade de prevenção e de ação e coloca a população em uma situação de passividade na
esfera governamental, uma vez que desassocia a responsabilidade das instituições públicas na
gestão da cidade. Ademais, tornou-se evidente através das práticas, que os sujeitos não
sabiam como agir em caso de desastres, sendo esse um ponto relevante no trabalho, visto que
por meio das propostas pode-se notar a compreensão por parte dos deles sobre o modo que
devem agir e ações possíveis para evitar. As atividades também contribuíram para a análise
de como outras manifestações, como ondas de calor, podem causar interferências no
cotidiano e na saúde da população, já que, à princípio, os educandos enxergavam apenas a
chuva como um possível perigo.