USP – E. E. Stefan Zweig – São Paulo/SP
Enviado em 04/10/2018
Educação Ambiental Crítica: possibilidades da interface ACH no ensino público da ZL de SP
Objetivos: O objetivo geral do projeto é inovar na proposição de ferramentas de ensino – aprendizagem que reconheçam o potencial da sinergia entre a Educação Ambiental Crítica e a Educação para Redução de Riscos de Desastres (RDD), estimulando a mobilização de agentes de sustentabilidade para a construção de comunidades mais resilientes através de um programa de ambientalização escolar.
Público envolvido: 30 alunos de sextos, sétimos, oitavos e nonos anos. De 12 a 16 anos de idade.
Atividades: O projeto foi idealizado pelo Diretório Acadêmico de Gestão Ambiental em 2017 e tinha o objetivo de formar um grupo interdisciplinar com alunos de graduação interessados em fornecer um curso de EA Crítica para estudantes do ensino público da Zona Leste de São Paulo, autodenominado “Grupo EA Crítica”. O coletivo foi fundado em março de 2018 por alunos dos cursos de Biotecnologia (EACH), Gestão Ambiental (EACH), Geografia (IFSP), Engenharia Ambiental (UFABC), Biotecnologia (EACH), Letras (FFLCH) e Matemática (IME). O projeto piloto foi implementado na E.E. Stefan Zweig e contemplou 30 alunos do Ensino Fundamental II da instituição com um curso de 30h sobre EA Crítica. As atividades em parceria com a escola ocorreram entre 13 de março e 22 de junho. O programa elaborado para o curso tinha 10 aulas de 3 horas cada, e incluiu atividades que traziam elementos particulares à formação de cada um dos graduandos, articulado questões geradoras e temas transversais aplicados através de preleções interdisciplinares, oficinas, debates e intervenções artísticas.
Aula 1: Meio Ambiente e Civilização: Perspectivas Indígenas:
– Apresentação e definição dos conceitos: meio ambiente, natureza, paisagem, civilização, árvore genealógica.
– Discussão de como as perspectivas indígenas estão inseridas no meio, em uma perspectiva social e cultural.
– situar os alunos no ambiente em que eles se encontram e analisar como estes ocupam o espaço.
– Discutir o conceito de civilização e o pertencimento a natureza.
– Descrever as populações tradicionais e a sua relação com o meio ambiente.
– Introduzir a problemática do relativismo cultural.
Aula 2: Desastres Naturais:
– Apresentação do conceito desastre, definindo suas categorias (biológicos, geofísicos, hidrológicos e climatológicos) e relacionando aos agentes causadores naturais e/ou antropogênicos.
– Apresentação dos conceitos de erosão, pluviosidade, declividade e risco.
– Apresentação de casos de grandes desastres naturais no Brasil relacionados às ações humanas e aos fenômenos naturais, buscando relações de causa e efeito nesses eventos.
Aula 3: Furacões e Vulnerabilidade (HQ’s CEMADEN):
– Leitura compartilhada da HQ sobre RDD (Educação + participação) de Riscos e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, que realiza atividades de gestão em áreas de riscos.
– Definição do que é e como se forma um furacão.
– Vídeo ilustrativo do furacão Irma que aconteceu na Florida, EUA.
– História dos furacões no Brasil
– Discussão da relação entre furacões e os desastres naturais apresentados na Aula 3. Além de uma discussão de como deve se agir em uma situação de desastre e participação segundo a HQ.
Aula 4: Justiça Ambiental e Simulador de Erosão:
– Construção de um simulador de Erosão.
– Discussão da relação entre a alta pluviosidade e da ação antropogênica com a ocorrência de desastres.
– Discussão da relevância do estudo de uso e ocupação dos solos para a diminuição de desastres expondo os problemas advindos de uma ocupação desordenada.
– Discussão de formas para prevenir a erosão laminar a partir da preservação da mata ciliar.
– Apresentação do tema Justiça Ambiental e sua importância no contexto da zona leste
– Compreender como ameaça e vulnerabilidade compõe o risco de deslizamentos.
Aula 5: HQ’S e Pluviômetro de garrafa PET:
– Análise e interpretação coletiva da HQ sobre educação e participação.
– Apresentação e definição do termo pluviosidade e explicação do que é e pra que serve o pluviômetro.
– Construção de um pluviômetro reciclado e demonstração de como medir a quantidade de chuva a partir dele, e assim classificar a probabilidade de um desastre hidrológico vir a ocorrer e a afetar a região.
– Relacionar a ocorrência de chuva e a interferência humana no meio em que os próprios alunos moram e estudam.
Aula 6: Código Florestal e a função do Estado:
– Apresentação do Código Florestal
– Discutir as mudanças do código florestal e a função do Estado como agente regulador do uso parcimonioso dos recursos naturais,
Aula 7 e 8: Debate: Sociedade de Risco, Aquecimento Global e Mudanças Climáticas:
– Introdução do que é efeito estufa, como acontece e porque é importante para o planeta.
– Apresentação do tema Aquecimento Global, relacionando com o efeito estufa e com as mudanças climáticas.
– Debate baseado no tema: Aquecimento Global, natural ou antrópico.
– Discussão de formas que podemos amenizar esse fenômeno.
– Apresentação do tema de Sociedade de Risco
– Incentivar e aperfeiçoar a capacidade de debater e argumentar dos alunos.
Aula 9: Natureza e Movimentos Sociais:
– Intervenções artísticas sobre o tema Natureza e Movimentos Sociais, através de vídeos, sarau com leitura de poemas e música, exposição de obras de arte e debate sobre os temas expostos.
– Analisar como o a arte denuncia a relacao homem-natureza.
– Apresentar e acrescentar informações sobre temas como: o Ecofeminismo, Racismo Ambiental, Bem Estar Animal, Equidade Intrageracional e Etnobotânica.
Aula 10: Encerramento do Curso:
– Análise das atividades executadas durante o curso.
– Obter resultados através da discussão com os alunos sobre o curso, analisando quais foram os pontos fortes e fracos.
– Compreender o que os alunos absorveram dos temas abordados e sua percepção de possiveis melhorias para o curso.
Resultados: O projeto despertou o interesse de órgãos de todos os setores, internos e externos à USP, que contribuíram com a divulgação, a seleção de voluntários e o apoio financeiro para compra de lanches e materiais didáticos. Dentre os principais apoiadores estão: o DAGA, o Cemaden Educação, o Laboratório de Educação Ambiental e Formação de Professores do Instituto de Biociências, a Empresa Jr. de Gestão Ambiental, o grupo de Artivistas “confluências” e a Diretoria de Ensino Leste 1. A coordenadora pedagógica da E.E. Stefan Zweig, Cátia Alves, foi uma articuladora fundamental nesse processo, responsável pelo acompanhamento do projeto e avaliação dos resultados obtidos com os alunos em termos de ensino-aprendizagem. O sucesso do curso levou coordenadores e professores de algumas escolas estaduais da Zona Leste a solicitarem a implementação de oficinas e feiras de sustentabilidade em suas instituições. O número de discentes e docentes interessados em participar cresceu muito, especialmente no curso de Gestão Ambiental da EACH USP, o que viabiliza a ampliação do projeto em termos de mudança social, participação política e aperfeiçoamento profissional dos graduandos.
Outras informações: O projeto busca atingir duas escolas e cerca de 150 alunos a partir do segundo semestre de 2018 e durante todo o ano de 2019, através da submissão ao edital “aprender na comunidade” da PRG USP. Dessa vez o viés do curso sera completamente voltado pra Redução de Risco de Desastres e Cartografia Social.