As chuvas de verão são esperadas para amenizar a seca persistente em algumas regiões do Brasil, mas elas também trazem o risco de inundações. Pesquisadores da Fundação Getulio Vargas EAESP  e do Cemaden, em especial do Cemaden Educação trabalham para engajar comunidades e escolas na governança sustentável do risco de inundações. Durante a cerimônia de premiação da 6ª campanha “Aprender para Prevenir”, promovida pelo Cemaden Educação no dia 30 de novembro, serão apresentados dois produtos desenvolvidos no âmbito do Projeto Dados à Prova d’Água: uma disciplina eletiva a ser oferecida ao ensino médio e um aplicativo  móvel.

A disciplina eletiva “Dados à Prova d’Água” é dirigida ao ensino médio e pode ser ofertada também aos últimos anos do ensino fundamental. Foi desenvolvida ao longo de mais de um ano, com muitas trocas entre a equipe do projeto, estudantes e professores de escolas públicas de São Paulo e Rio Branco. A disciplina fomenta o conhecimento sobre a gestão de risco de desastres, especialmente aqueles provocados pelo excesso de água, como as inundações, alagamentos e enxurradas. Durante o período da eletiva, objetiva-se engajar os/as estudantes com a produção de conhecimento sobre os desastres provocados pelo excesso de água no seu bairro/cidade. São propostas  diversas atividades para trabalhar o tema de risco de desastres provocados pelo excesso de água. Os alunos são protagonistas na construção e monitoramento de pluviômetros artesanais, produção de histórias orais temáticas, elaboração de mapas de risco e análise de dados governamentais, entre outras atividades.

O Guia da disciplina eletiva é composto por dois materiais didáticos – o Guia do(a) Professor(a) e o Caderno de Textos – que serão disponibilizados em Dezembro de 2021 no site do CEAPG FGV (https://eaesp.fgv.br/centros/centro-estudos-administracao-publica-e-governo/sobre) e do Cemaden Educação (http://educacao.cemaden.gov.br/). O primeiro material apresenta o conteúdo programático e sugestões de planos de aula, o segundo trabalha os conceitos e informações técnicas do conteúdo programático da eletiva.

O aplicativo móvel “Dados à Prova d’Água” tem o objetivo de engajar as comunidades e escolas que podem ser afetadas por inundações, alagamentos e enxurradas na produção de dados sobre eventos de chuva e os impactos locais desses eventos. Ao mesmo tempo em que participam de um processo de aprendizagem social sobre os riscos de inundações e que pode ser futuramente implementada para minimizar os possíveis danos ocasionados por estes eventos. Além de possibilitar a produção de dados, o aplicativo facilita o acesso e a visualização de dados governamentais de pluviômetros automáticos e áreas propensas a inundações. Em diversos momentos da disciplina eletiva, o aplicativo será usado como um recurso tecnológico didático para apoiar as atividades de pesquisa dos(as) estudantes. É esperado que a disciplina fomente e dissemine o uso do aplicativo em toda a comunidade escolar e seu entorno. Os dados produzidos ao longo do processo educativo alimentarão a base de dados do aplicativo e poderão ser acessados por instituições governamentais que lidam diretamente com o gerenciamento do risco de desastres na esfera municipal, estadual e federal.

Dados à prova d’água (Waterproofing Data – WPD, em inglês) é um projeto de pesquisa multidisciplinar que trata da governança dos riscos de inundações. A abordagem desse tema envolve os aspectos sociais e culturais da coleta e do uso de dados tanto por pesquisadores e técnicos, quanto pelas pessoas das comunidades afetadas. O projeto envolve governos, moradores e organizações sociais das cidades de Paulo/SP e Rio Branco/AC. Também conta com a participação de pesquisadores brasileiros (Centro de Estudos de Administração Pública e Governo da Fundação Getúlio Vargas e Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – Cemaden), da Alemanha (Universidade de Heidelberg), e duas instituições do Reino Unido (Universidade de Warwick – Inglaterra, e Universidade de Glasgow – Escócia), além do apoio da Secretaria Estadual de Meio-Ambiente do Acre (SEMA) e da Prefeitura Municipal de São Paulo. Suas atividades são financiadas pela FAPESP, UK Research and Innovation e pelo Instituto Alan Turing (Inglaterra). Para Maria Alexandra Cunha, coordenadora do projeto na FGV, “ao repensar como os dados sobre inundações e alagações são produzidos e como eles são comunicados, podem ser provocadas transformações que tornem as comunidades mais sustentáveis ​​e resilientes.” Mais informações sobre o projeto podem ser acessadas através do link: https://warwick.ac.uk/fac/cross_fac/cim/research/waterproofing-data/